Linux para seu entretenimento

Este mês saiu a edição número 15 da Revista Espírito Livre, onde saiu um artigo que escrevi sobre media centers movidos a Linux. Transcrevo aqui o artigo, mas não deixe de [baixar gratuitamente][1] mais uma imperdível edição desta excelente revista gratuita, cujo tema principal é CMS.

Com a miniaturização dos computadores, cada vez mais eles vêm ocupando lugares onde nunca havíamos pensado antes. Há algum tempo alguém pensou que seria interessante ter um computador dedicado ao entretenimento, como assistir vídeos, ouvir música e ver fotos, seja a partir de conteúdo que a pessoa já previamente possuía ou através da Internet. A este tipo de computador foi dado o nome de media center e, com um equipamento deste em sua sala de estar, você poderá aposentar seu aparelho de DVD e ter muito mais opções de lazer para toda a família.

Um media center é um computador como qualquer outro e sua diferença para um computador pessoal é a forma de uso. Ele provê uma interface de aparelho eletrônico comum, acessado pela TV com um controle remoto, sem necessidade de mouse e teclado, de forma a atender o usuário da maneira mais natural possível. Apesar de ter capacidade para tal, você não verá neles opção para, por exemplo, editar arquivos textos ou planilhas eletrônicas, simplesmente porque ele se destina a outro uso.

Além de tocar os seus arquivos e acessar sites multimídia, com uma entrada de vídeo ou de antena, você poderá gravar programas de TV em exibição e até pausar/retroceder/avançar a programação!

Se você gostou e está pensando em ter um aparelho destes em sua sala de estar, saiba que existem 2 opções: montar um por conta própria ou comprar um pronto. Em ambos os casos você terá opções baseadas em Linux e/ou demais softwares livres e deverá escolher qual a opção mais adequada a sua necessidade e disposição.

Media centers montados

Inicialmente, a única opção para quem queria um media center era montar por conta própria, já que ainda não existiam aparelhos prontos para este propósito. Desta forma, algumas pessoas simplesmente utilizavam um computador comum, instalavam nele algum software para este propósito e o ligavam à TV.

Sempre existiram várias soluções livres sendo que a primeira a se popularizar foi o [MythTV][2]. Com várias capacidades multimídia, algumas pessoas resolveram montar distribuições Linux neste software, como por exemplo o [Mythbuntu][3] que é baseado no famoso [Ubuntu Linux][4].

No entanto o tempo foi passando e a interface do MythTV foi ficando um pouto datada e outras opções mais modernas foram aparecendo, como o [XBMC][5]. Atualmente existe também o [Boxee][6], que é baseado no XBMC adicionando algumas funcionalidades sociais, e algumas outras opções menos famosas.

Tela de um media center
XBMC

A grande vantagem de se montar um media center por conta própria é a liberdade de poder fazer tudo ao próprio gosto: usar um gabinete do seu próprio gosto e que combine com os demais eletrônicos da sala; escolher o hardware que suporte todas as necessidades ou deixar de comprar o que não for de interesse; e instalar o software que mais te agrade e poder configurá-lo e modificá-lo da maneira que bem entender.

No entanto, um computador comum ao lado da TV tem grandes desvantagens, pois é grande demais para ficar esteticamente bonito, consome muita energia elétrica e gera um ruído desagradável. Além disso, a montagem do *media center *não é tarefa para leigos, pois você terá o trabalho de montar todo o equipamento; instalar, configurar e manter atualizado e funcionando o software, o que pode gerar algumas dores de cabeça. Por fim, também é provável que esta solução acabe ficando um pouco mais cara no final.

Nettops: um passo adiante

Ainda para aqueles preferirem ter controle total sobre o equipamento e montar tudo por conta própria, existe uma opção mais estética, algumas vezes mais barata, que irá consumir menos energia e gerar menos ruído que é a utilização de um nettop. Um nettop é um computador muito pequeno (do tamanho de um DVD portátil), com o hardware mais limitado e, normalmente, sem um HD grande (exigindo um dispositivo de armazenamento externo). Apesar de terem um hardware menos potente, o que pode atrapalhar na exibição de um filme em full HD, já existem algumas placas vídeos de alto desempenho integradas a placas-mães voltadas para nettops e netbooks, como, por exemplo, as placas com a tecnologia ION da Nvidia.

Para quem quer ter total flexibilidade e liberdade para “hackear” (hackear no sentido de modificar, personalizar) a vontade, esta é a melhor opção. Você terá uma solução poderosa, bonita e ecologicamente correta.

Boxee, baseado no XBMC
Boxee, baseado no XBMC

Produtos prontos

Se não quiser ter o trabalho de montar um media center por conta própria e sim ter um aparelho funcional que atenda suas expectativas para entretenimento, você deve optar por produtos prontos. Eles normalmente já são feitos com hardware silencioso e de baixo consumo de energia e totalmente configurados para você precisar apenas ligar à TV e ao seu sistema de som e aproveitar.

O grande problema é que não conheço nenhuma aparelho que está disponível no mercado brasileiro, o que significa que deverá importar ou comprar numa viagem ao exterior.

Alguns dos modelos disponíveis que são baseados em Linux e/ou software livre são:

  • WD TV Live Plus: produto top de linha da Western Digital, baseado em diversos softwares livres, inclusive o kernel Linux, mas com algumas partes proprietárias, é barato (custando apenas US$150,00, ou seja, menos de R$300,00) e com suporte a full HD;
  • Mvix Ultio Pro: produto top de linha da Mvix (empresa um tanto desconhecida, mas com produtos de qualidade), também é baseado em diversos softwares livres, kernel Linux e com algumas porções proprietárias, um pouco mais caro que o anterior (US$170,00), mas com muito mais funcionalidades, incluindo gravação da TV e HD interno (não incluso);
  • Neuros OSD: produto da Neuros Technology, quase totalmente software livre e na mesma faixa de preço (US$180,00), mas sem suporte a full HD;

Mvix Ultio Pro
Mvix Ultio Pro

O WD TV tem uma comunidade razoavelmente ativa que faz vários “hackeamentos” nele. O Ultio Pro é o mídia center que eu possuo e a única desvantagem que vi em relação ao WD TV é que sua comunidade não é tão ativa (que vai me obrigar a aprender sozinho a “hackear” ele :P ), mas é muito poderoso.

O produto da Neuros merece um pouco mais de explicação, pois ele já está um pouco ultrapassado e a empresa já tem outro aparelho mais poderoso, o Neuros LINK. No entanto, ele pertence a outra categoria de equipamento, destinado a ser mais computador do que produto eletrônico, além de ser muito mais caro (US$330,00). Mas a grande vantagem do OSD é que ele conta com uma documentação oficial do fabricante para quem quiser “hackeá-lo”, pois quase todo software está disponível como software livre.

Futuro

O futuro nesta área é altamente promissor, principalmente para o software livre. A Neuros Techonology já está trabalhando na versão 2.0 do OSD, que deve manter a “filosofia livre” da versão atual, mas com uma atualização tecnológica para competir de igual com as opções da WD e da Mvix. A empresa por trás do software Boxee está trabalhando num equipamento dela que se chamará Boxee Box, com previsão de lançamento para novembro deste ano.

No entanto a grande expectativa do momento no campo dos media centers é o recém-anunciado Google TV. Ele é um software que está sendo desenvolvido pela gigante das buscas, utilizando como base o sistema operacional Android que, por sua vez, é baseado no kernel Linux. A ideia é fabricar aparelhos para ligar à TV e até mesmo TVs com o sistema instalado. Alguns fabricantes de peso, com Sony, Logitech e Intel, já anunciaram parceria e deverão lançar produtos assim que sair a primeira versão do software.

Conclusão

As opções estão aí e tudo depende do uso que você pretende fazer do equipamento. Se deseja apenas um eletrônico de alta tecnologia para sua sala de estar, prefira um produto pronto, escolhendo o modelo baseado nas especificações e na opinião de outros compradores (e conseguindo uma forma legal de importar o aparelho). Mas se desejar fazer melhorias, deixando o equipamento do seu jeito, tirando máximo proveito do software livre, o melhor talvez seja montar seu próprio media center. Um opção intermediária seria pode comprar algum produto pronto que tenha uma comunidade grande que já esteja estudando formas de modificar e melhorar o aparelho, como o WD TV, ou um que já seja “aberto” de fábrica, como o OSD. De qualquer forma, não se esqueça de prestar atenção nas especificações técnicas. Se aguentar esperar, aguarde pela ótimas novidades que estão por vir, pois elas certamente mudarão bastante o mercado e o deixarão muito mais livre.

[1]: https://ur1.ca/0ep80 [2]: https://www.mythtv.org/ [3]: https://www.mythbuntu.org/ [4]: https://www.ubuntu.com/ [5]: https://xbmc.org/ [6]: https://www.boxee.tv/

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