WebM: Fim do impasse do HTML5?

Eis que na semana que começou com a perda de um grande ídolo, temos uma ótima notícia: a Google anuncia o lançamento de um codec de vídeos livre para ser utilizado na web! Este é um grande passo na direção de uma web mais aberta, portável e acessível.

Se você está pensando “tá, mas e o que isto tem a ver comigo?”, a reposta simples é TUDO! Isto irá afetar todas as pessoas que acessa a internet atualmente (o que significa quase todas as pessoas do mundo) e irei explicar o porquê agora.

Web2.0 e o Flash Player

Algum tempo atrás, criaram uma palavrinha para denotar uma mudança brusca que estava acontecendo na Internet. As pessoas não estavam apenas acessando web sites quase estáticos apenas para obter informação. Agora elas estavam interagindo através de redes sociais, criando conteúdo em blogs e fotologs, distribuindo e assistindo vídeos e músicas etc. Era a chegada de uma nova era na grande rede: a web2.0.

Todo este movimento veio puxado por sites como Orkut (aqui no Brasil), Blogger, YouTube, Flickr, dentre outros. No caso particular do YouTube, não havia meios de executar vídeos diretamente pelo navegador, a não ser apelando para o uso de plugins. Eles então escolheram o Adobe Flash Player como plataforma de execução de vídeos via streaming.

O Flash Player está presente na web desde o seus primórdios. Mas com a web2.0 ele (antes restrito a banners em sites, pequenas animações ou àqueles pesados sites ricos em recursos gráficos e navegação precária) passou a ser peça fundamental para a distribuição de conteúdo multimídia. Mas isto se tornou um grande problema para o avanço da web por alguns motivos:

  1. É proprietário e suas melhorias são dependentes da vontade da Adobe – alguns grupos tentaram criar implementações livres do plugin, mas elas nunca chegaram ao ponto de poderem substituir o original;
  2. Sites como YouTube não funcionavam bem em plataformas pouco suportadas pelo software (como Linux antigamente) e ninguém podia melhorar isto além da Adobe (problema acima);
  3. Aparelhos móveis, como smartphones, tiveram têm problemas para suportar a tecnologia e com o consumo de bateria (Steve Jobs, da Apple, falou sobre isto há pouco tempo);
  4. Problemas comerciais com empresas que não querem ficar dependentes da Adobe (Steve Jobs também falou sobre isto).

HTML5 e o impasse

Foi então que a W3C, consórcio de empresas que criam e mantém os padrões abertos que todos seguem (menos a Microsoft no Internet Explorer…) para que a web seja aberta e interoperável, percebeu que era hora dos padrões evoluírem para acompanhar toda esta mudança. O carro chefe desta mudança seria a atualização do principal padrão utilizado para criar websites: o HTML. Com a versão 5, o sites poderiam utilizar vários recursos avançados, como por exemplo execução de áudio e vídeo, direto no navegador sem depender de plugins externos (saiba mais sobre HTML5).

Tudo estava muito bom até que se chegou na discussão do codec de vídeo a ser padronizado. De um lado Ogg Theora: livre e gratuito para qualquer tipo de uso, mas pouco difundido e com possíveis problemas de patentes. Do outro o H.264: proprietário e pago, mas amplamente utilizado (inclusive dentro do Flash), suportado por hardware (o que torna mais rápido e com baixo consumo de recursos) e tecnicamente (ou teoricamente) melhor. Empresas proprietárias, como Microsoft e Apple, defendendo o H.264. Empresas e fundações pró-software livre, como Mozilla e FSF, defendendo o Theora. Google em cima do muro suportando ambos no seu navegador Chrome.

Então a FSF teve uma ótima ideia e publicou uma carta aberta à Google, pedindo que ela abrisse o código do VP8: um codec que, após uma aquisição, havia se tornado de sua propriedade. Este seria um candidato perfeito para acabar com a discussão já que ele não teria problemas de patentes e seria tecnicamente melhor que o H.264.

WebM: em rumo à “open web

Chegamos no presente e no anúncio do qual mencionei no início do post. O WebM utiliza para codificação de vídeo justamente o VP8 (conforme pedido pela FSF) e realmente acho que o impasse dos codecs chegará ao fim, já que a Microsoft já anunciou que suportará o WebM e acho que a Apple não vai muito à frente sozinha.

Espero que eu tenha conseguido mostrar como este anúncio é um grande passo na direção certa e como isto abrirá as portas para uma web com vídeo de alta qualidade, alto desempenho e utilizando padrões totalmente abertos, sem restrições de uso etc.

PS: Você pode fazer sua parte em favor de uma web mais aberta utilizando navegadores que sejam aderentes aos padrões internacionais da W3C, como o Firefox, Google Chrome, Opera e Safari. Dizem que o Internet Explorer 8 está totalmente aderente, mas não tenho certeza (o IE6 e 7 com certeza não são). De qualquer modo eu recomendo o Firefox ou o Chrome, por serem softwares livres.

Publicação da minha biografia musical

Semana passada tive uma ideia da qual comecei a implementar e publico hoje aqui blog. Trata-se de uma biografia musical resumida – uma linha do tempo de tudo que já fiz relacionado a música: todas as bandas, com áudio, filmagens e fotos, para ficar o mais ilustrativo possível. Algumas coisas estão faltando, mas ela ficará disponível permanentemente numa aba ali em cima e será sempre atualizada a partir de agora.

Bem, acho que isto será mais interessante para quem me conhece, já que não sou famoso nem tenho fãs (além da família :P), mas que sirva como um registro pessoal  de duas das minhas grandes paixões: música e bateria.

Abraços para todos!

Relato: Cloud Computing Brazil 2010

Ontem aconteceu no Rio de Janeiro o primeiro evento sobre cloud computing do Brasil (possivelmente até da América Latina): o Cloud Computing Brazil 2010. O evento contou com grandes nomes de empresas e universidades que vêm trabalhando e pesquisando sobre este novo hype. Além disso, durante o evento também ocorreu o primeiro Cloud Camp da América Latina.

Após as apresentações iniciais, tivemos a palestra de Luis Cláudio Tujal, gerente de tecnologia do SERPRO. Ele está comandando um grande projeto de criação de uma “nuvem computacional” no governo. Sua palestra foi uma ótima explicação do que é a tecnologia, apresentando os conceitos e diferentes tipos cloud computing. Acredito que tenha deixadotodos os presentes satisfeitos! Para mim ficou aquele gostinho de quero mais sobre os detalhes técnicos do projeto da “nuvem governamental”, mas ele tinha que dar espaço para os outros palestrantes :)

Em seguida, tivemos duas palestras de fornecedores de soluções para cloud computing: primeiro dos brasileiros da Tecla Informática e depois dos canadenses da Enomaly. Apesar da certeza no alto conhecimento técnico dos palestrantes, principalmente do Reuven Cohen da Enomaly, suas palestras focaram apenas no básico, que já havia sido explicado anteriormente, e acabaram não falando nada sobre suas experiências práticas com a tecnologia.

À tarde, participei do Cloud Camp e não assisti nenhuma das palestras. O Cloud Camp é uma “desconferência” (unconference) – um evento sem um conteúdo programático pré-definido onde quem o define são os próprios participantes. O objetivo deste tipo de espaço é promover a troca de conhecimentos em assuntos de interesse dos presentes e não dos organizadores.

O motivo da minha preferência pelo Cloud Camp ao invés das palestras do evento  principal foi unicamente profissional para conhecer melhor os novos bancos de dados (categorizados popularmente como NoSQL), pois acho que eles têm bastante futuro no meu trabalho. No entanto, um evento com foco em troca de experiências deve contar com pessoas experientes, e poucos dos presentes realmente tinham vivência neste campo. Mesmo assim, valeu para pegar a experiência de desenvolvimento do organizador, Dave Nielsen, e de um participante que trabalha com pesquisa de genoma que contou um pouco de sua experiência (parcialmente bem sucedida) com o Hadoop.

Num balanço final, acho que o evento foi bastante positivo! Ele foi um marco tanto para a disseminação de cloud computing quanto na realização de eventos no estilo “desconferência” no Brasil (até onde sei o Cloud Camp foi o primeiro). Nele vi que o Brasil ainda tem muito pouca experiência no assunto e ele, certamente, ajudará na difusão da tecnologia. Apesar da falta de conteúdo mais prático, foi muito bom conhecer melhor o que está acontecendo no Brasil, principalmente as intenções do governo em utilizar a computação em nuvem para economia de recursos públicos e prestar melhores serviços à população. O Cloud Camp foi uma ótima experiência e acho que num futuro próximo, quando as pessoas começarão a ter mais vivência com as “nuvens”, terão um ótimo momento para trocar cada vez mais experiências!

PS: O artigo foi atualizado, pois anteriormente falava apenas que o Cloud Camp foi o primeiro do Brasil.

Dingoo: Diversão movida a Linux na palma de sua mão

Se você procura um dispositivo para se divertir em qualquer lugar, que seja barato o suficiente para o ladrão não querer roubar e que seja totalmente “hackeável”, você agora vai conhecer seu sonho de consumo: Dingoo! Há alguns meses comprei um por US$ 83,00 (com frete grátis) na DealExtreme , na cor preta (mas também tem branco) e estou bastante satisfeito.

Ele é basicamente um mini game de emuladores. Suporta jogos de Super Nintendo, Game Boy Advanced, Mega Drive, NeoGeo, Atari, entre outros. Com 4 GB de memória interna, expansíveis por cartão de memória miniSD, cabe muito jogo bom! Além disso, ele também tem:

  • Tocador de vídeos com suporte a diversos formatos (infelizmente sem suporte a legendas);
  • Tocador de música com suporte a diversos formatos (só faltou o suporte a OGG);
  • Sintonizador de rádio FM;
  • Gravador de som;
  • Saída para TV;
  • Isso é o que já vem de fábrica, pois você também pode instalar outros emuladores desenvolvidos pela comunidade do aparelho e, o que é o melhor: você pode instalar Linux nele!

    Entra em cena o Dingux!

    O Dingux é uma versão otimizada do Linux feita pela comunidade especialmente para o aparelho. Vale salientar que ele ainda é um trabalho em desenvolvimento e ainda não está 100% estável e completo a ponto de substituir o firmware nativo, sendo necessário o dual-boot. No entanto, por experiência, posso afirmar que ele é bastante estável para uso cotidiano.

    Mas qual a vantagem do Dingux? A grande vantagem é que, por ser Linux, diversos softwares feitos para este sistema operacional já tem versão para rodar no aparelho. Vale destacar:

    • Grande variedade de emuladores, como um de Playstation (plataforma não suportada firmware nativo) e emuladores melhores e mais rápidos do que os “de fábrica”;
    • Jogos que rodam no Linux, como Quake e Doom;
    • ScummVM, que me permite jogar vários adventures antigos da LucasArts (como o Full Throttle);
    • Aplicativos, como o Mplayer (que roda Divx melhor que o player nativo);
    • E até mesmo aplicativos e jogos Java ME (que rodam em aparelhos celulares) através do MIDpath;

    Alguns pontos negativos do firmware alternativo é que a saída para TV ainda não funciona e ainda não portaram nenhum leitor de PDF (mas acredito em em breve terá, pois muito gente quer). Mesmo assim, o Dingux expande em muito as funcionalidades do Dingoo.

    Por hora ficarei devendo um tutorial de instalação do Dingux para um outro post e deixo dois links abaixo para poder conhecer melhor este excelente brinquedo. Até lá!

    Links:

    Colaboração no mundo dos negócios

    A interação entre empresas usuárias de software livre com suas comunidades